Helena nasceu em 20 de Janeiro de 1946 no Ipiranga, bairro de São Paulo, filha de Pedro Prieto Moya (1918-1955) e Maria Cândida Prieto (1919-1993). Pedro era espanhol, nascido em Murca na Espanha, filho de Juan (João) Prieto Reales e Francisca Moya Robles e imigrou para o Brasil com a família no final dos anos 1920.[1] Maria era descente de portugueses, filha de José Joaquim (ou José Manuel) e Simphrosia (Sinfrósia/Sinfrózia) da Natividade, que imigraram para o Brasil no final dos anos 1900.[2] Helena foi a primeira filha do casal, que já tinham os meninos Dorival (1942-1981) e Valter (1944-1965). Posteriormente viriam Pedro (1948-1990), Marta (1951) e Lourdes (1953).
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| O casamento de Pedro e Maria. |
Entusiasmado com o nascimento da primeira filha Pedro levou a recém-nascida para pesar em uma venda de secos e molhados e em seguida à farmácia para que ganhasse seu primeiro brinco. Ela foi batizada em 22 de Dezembro daquele ano na Paróquia Nossa Senhora Da Anunciação pelo pároco Luiz Gonzaga Biazzi. Os padrinhos foram Manuel Medina Saludo e Joana Pontes Medina.[3] Nos primeiros anos a família alternou residência entre a casa do Ipiranga (localizada na rua Juntas Provisórias) e a casa da Vila Guilherme (localizada na avenida Joaquina Ramalho), que havia pertencido aos pais de Maria, então já falecidos, e que Pedro adquiriu posteriormente sem que Maria soubesse.[4]
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| Os irmãos Valter, Helena e Dorival. |
Helena recordava-se que sua
abuela Francisca era bastante severa, diferente de Juan que escondia dinheiro em suas mãos ao se despedir da neta. Com o tempo a família mudou-se em definitivo para a Vila Guilherme (outra casa foi construída nos fundos do terreno). Quando Marta nasceu Pedro se demitiu do emprego de operário e foi trabalhar como lustrador na marcenaria do irmão. Pedro era rígido, em especial com os meninos, mas também fazia brincadeiras como soltar caranguejos comprados vivos no Mercado Municipal de São Paulo na sala para assustar os filhos. Helena fez o primário na Escola Estadual Toledo de Barbosa. Em 1954 quando o presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio a direção da escola, em sinal de luto, liberou os alunos mais cedo. Maria não gostou de ver Helena e os irmãos tão felizes por aquele acontecimento, o que lhes valeu uma tremenda bronca. A menina tinha bom rendimento escolar, porém repetiu um ano porque uma colega jogou, de propósito, tinta em sua prova (então feitas a pena e nanquim). Geniosa, Helena revidou e, sem conversa, ambas foram reprovadas (a algoz apanhou na rua pela desfeita).
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| Em 1954 na escola. |
Pedro faleceu do coração prematuramente em 1955, deixando Maria com seis filhos ainda menores de idade para criar. Assim, os irmãos, com exceção da pequena Lourdes, foram deixando os estudos e começaram a trabalhar para ajudar em casa. Em seu primeiro emprego, anda informal, Helena atravessava a cidade de bonde até Santa Cecilia onde trabalhava em uma confecção. Entre 1960 e 1963 a agora adolescente foi aprendiz de embalagem na Indústrias Kapázz, localizada em Santana na rua Dr. Zuquim, estabelecida em 1935 que produzia artigos "admiráveis" de perfumaria e cosméticos.[5]
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| Na casa da Vila Guilherme. |
Em 1964 entrou no Laboratórios Miles do Brasil, constituído em 1952, que produzia o comprimido efervescente Alka-Seltzer.[6] O laboratório funcionava na rua Maria Cândida, próximo de casa. No jardim haviam coelhos que sua mãe costumava levá-la para ver na infância, sem imaginar que um dia trabalharia ali. No laboratório era conhecida como a "Helena loira" porque já havia outra morena. Certa vez a agora atrevida jovem mulher foi pega fazendo deslizar pelo chão até sua colega, do lado oposto do salão, o único micrômetro disponibilizado pela chefia para padronização dos comprimidos. Ao invés de bronca a chefia finamente providenciou outro aparelho de precisão.
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| Uma festa do laboratório. |
Foi durante os anos do laboratório que Helena conheceu o também genioso serralheiro Belarmino Fernando Braga Ventura (1945), português, que fundaria em 1969, com os sócios Severino, Clóvis e Toninho a Itefal, Indústria Técnica de Esquadrias de Ferro e Alumínio. Após um longo namoro de 8 anos ambos se casaram em 22 de Dezembro de 1977 também na Paróquia Nossa Senhora Da Anunciação. Viveram os dois primeiros anos do casamento em um apartamento do bairro quando então se mudaram para um sobrado na Pedra Branca, próxima ao Horto Florestal. Os filhos Fernando e Daniele nasceram em 1980 e 1982 respectivamente. Em 1995 mudaram-se para Santana. Helena faleceu aos 74 anos em 6 de Maio de 2020 no hospital São Camilo Santana em São Paulo em decorrência de problemas relacionados à insuficiência cardíaca.
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| Brinde promocional do Alka-Seltzer. |
[1] "Brasil, São Paulo, Cartões de Imigração, 1902-1980," database with images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QS7-99NM-G3VV?cc=2140223&wc=Q4TX-L2S%3A1062993602%2C1063089202 : 26 March 2016), R > Real-Rebello > image 219 of 800; Arquivo Público do Estado de São Paulo (São Paulo State Public Archives), Brazil.
[2] "Brasil, São Paulo, Cartões de Imigração, 1902-1980," database with images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QSQ-G9FB-BCBC?cc=2140223&wc=Q4TX-W3X%3A1062993102%2C1062998501 : 26 March 2016), P > Pinto-Pinto, Parte 1 > image 95 of 804; Arquivo Público do Estado de São Paulo (São Paulo State Public Archives), Brazil.
[3] cópia certidão nascimento cedida pela Paróquia Nossa Senhora Da Anunciação.
[4] http://memoria.bn.br/DocReader/090972_09/34730
[5] https://www.infojobs.com.br/empresa-industrias-kaplas-s-a__117414.aspx
[6] consulta Junta Comercial de São Paulo em 6 de maio de 2021.
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